sábado, 19 de junho de 2010
O Clima de Copa do Mundo está no ar!
Reconheço, mais uma vez, que essas minhas palavras são como uma gota, não mais no oceano, mas no universo ainda incomensurável. É uma luta inglória esse discordar daquilo que é comum à esmagadora maioria que se encontra influenciada por alguns e que, sobretudo, não consegue fugir dessa condição. E tal condição se torna mais evidente quando a televisão cobre algum grande evento. Aí é que se mostra o poder de influência que os poderosos grupos exercem sobre essa maioria cega. É o que vemos agora na tevê: "O clima de Copa está no ar"!
Sempre que se aproxima o período de um grande evento esportivo como o da Copa do Mundo de futebol as pessoas são impelidas, sentem-se eufóricas, ficam "vidradas" em frente a uma tela de tevê na expectativa de assistir aos jogos da seleção brasileira de futebol. Até aí diria que é aceitável já que o povo brasileiro possui quase que uma relação promíscua com a televisão quando assume que ela serve para o lazer. E sempre nesse período surgem alguns paladinos da sabedoria tentando mostrar o quanto fragilizados, induzidos ou manipulados se encontram os telespectadores aos caprichos desse grandioso evento esportivo ou, "pelo menos", dos organizadores do citado evento.
Como havia dito no início, minhas palavras são menores que uma brisa diante de um furacão chamado Copa do Mundo, no entanto, mais uma vez, essa coisa chamada consciência que insisto em alimentar, obriga meu espírito a expor-se, a aliviar-se tal qual uma válvula de escape de fato. Por isso estou aqui mais uma vez exercitando isso que, assim imagino, realizo com o devido prazer. Mas vamos lá. Vocês já ousaram - eu disse ousaram mesmo - sair às ruas durante os jogos da seleção brasileira? Deixar Galvão Bueno narrando suas emoções prontas e burocratizadas além de nada gratuitas em algum jogo da seleção brasileira? Eu consegui tal proeza – no começo foi difícil! Realizei tal façanha na Copa de 94 e fiquei mais do que surpreso... Foi uma experiência única! Foi quase que a mesma sensação de dar o primeiro beijo. Uma alegria, uma sensação de tranqüilidade, de contato imediato com algo divino - e olha que não havia ingerido nenhuma bebida alcoólica ou alguma coisa alucinógena. Senti-me o último ser humano da Terra! A cidade estava completamente parada. Nenhum pé de gente surgia. Pude caminhar tranquilamente por uma avenida que normalmente é bastante movimentada, mas como não estava no "normalmente", como estava no jogo da seleção brasileira, pude gozar desse privilégio. Lembro-me que foi durante esta caminhada que começaram a surgir as indagações, os questionamentos sobre o momento. Foi o despertar da consciência do mesmo modo que Neo ao acordar no casulo-bateria da Matrix. A partir daí me questionei se ficar vidrado na tevê assistindo aos jogos da tão vitoriosa seleção brasileira me faria melhor. Ora, pensei, é apenas um entretenimento como qualquer outro e, assim penso, todos tem o direito de se divertirem. Até aí tudo bem. O problema foi quando o Brasil fez um gol e aquele barulho ensurdecedor de pessoas gritando ao mesmo tempo causou em mim outro espanto. Claro que antes desse dia eu fazia a mesma coisa, só que não me dava conta de que era um barulho tão uníssono e tão integrado. Foi impressionante ouvir os gritos de gol em comunhão, parecia que a humanidade inteira estava falando - tive essa impressão, pois passava por um condomínio de apartamentos. Daí surge de uma janela um cidadão berrando que o "Brasil será campeão", que "vai ganhar tudo" e, agora vem o ponto que pretendo me aprofundar, que "sentia orgulho em ser um brasileiro" tremulando e beijando a bandeira dependurada em sua varanda... Aí sim comecei a sentir-me preocupado. Voltei à realidade. Quer dizer que ser brasileiro é sentir ou assistir a vitória de uma modalidade de esporte numa competição mundial? "Ser patriota é torcer pelo Brasil na Copa do Mundo", como já ouvi de uma campanha publicitária?
Jogo terminado e as coisas lentamente vão retornando ao seu funcionamento rotineiro. Rotineiro? Outro cidadão passa com seu veículo todo pintado nas cores da nossa bandeira; outro estende a bandeira no capô do seu carro e sai em velocidade buzinando e berrando que o "Brasil está na final e que será o campeão"; uma mulher sai com um bebê ainda de colo pulando na calçada e se esquecendo que aquela criança - talvez um sobrinho, um filho, sei lá - não entende nada daquilo e que pode até estar se assustando. Enfim, pessoas se aglomeram nas ruas com aquele zum-zum-zum típico de festa se vangloriando do acontecido "heróico"! Isso mesmo, "heróico"! Pois é, um grupo de jovens atletas, no auge da sua forma física, ganhando rios de dinheiro pra bater uma bola e ainda por cima serem reconhecidos como "heróis"! Falar que são heróis um Antônio Conselheiro ou até mesmo um Zumbi seria um crime hediondo perto desses que taxaram os jogadores de "heróis". Diriam eles: heróis são esses jogadores porque sofreram muito pra trazerem a taça; heróis são esses jogadores porque jogam não por paixão ou até mesmo por mera diversão, mas porque recebem um salário, uma compensaçãozinha financeira que lhe dá o direito de trocar de carro como se troca de humor - e carro importado, viu! A televisão, que não tem nada de besta, aproveita cada imagem, cada momento dessa Copa, tudo sempre voltado ao "patriotismo" ou um "apelo patriótico" do povo brasileiro. Alguma coisa na imagem sugere um verde e um amarelo. O telejornal vem com o apresentador direto do país-sede trazendo notícias diretas de lá. Todos querem saber o que acontece com os nossos jogadores e o nosso técnico - que ironia - deixa-os trancafiados quase incomunicáveis... Questão: será que não acontece mais nada no país para ser visto ou mostrado? Não tão importante quanto a Copa. Tem-se que dar privilégio aos assuntos ligados à Copa. Mais da metade da programação dos telejornais tem que estar voltado para ela. Para que se preocupar com um pai que violentou a filha por um bocado de tempo e ainda por cima teve filhos com ela? A Copa está aí! Para que se preocupar com a movimentação de alguns parlamentares - nossos maravilhosos representantes - que querem alterar "só um pouquinho" uma lei tão importante para a nossa simbólica democracia que é a lei do "Ficha Limpa"? A Copa do Mundo está aí! Nesse momento tão importante torna-se um tabu falar de política. Se bem que política não é só aquilo que os parlamentares, por exemplo, fazem.
As pessoas não conseguem diferenciar que a todo instante faz-se política. Basta que haja apenas duas pessoas conversando - aliás, já tratei sobre isso em um dos meus artigos aqui postados. Então, como não ser político mesmo vendo a seleção brasileira de futebol batendo sua bolinha? Acredito que nem nesse momento há escapatória. Ao torcer pelo Brasil, seja com fanatismos ou não, faz-se a demonstração de uma idéia de nacionalidade, de nação brasileira, no nosso caso e isso é um tema político – obviamente que carecendo de certo grau de aprofundamento. Só que a maioria não entende o quão complexo ser efetivamente patriota é, no sentido pleno do termo. Que ser brasileiro é tratar e se envolver com os assuntos políticos ligados ao interesse dessa nação chamada Brasil, e não apenas dos pouco mais de vinte jogadores que foram selecionados. Briga-se "tão bem" porque o técnico convocou fulano e deixou beltrano de fora, mas não se briga quando um político consegue safar de acusações que um homem público não deveria possuir. Entende-se tão bem as regras da Copa do Mundo, do jogo, mas não se dão ao trabalho de entender como são as regras efetivas que sucedem no nosso parlamento!? É isso que é ser brasileiro? Deixar uma minoria resolver esses problemas, aliás, nossos problemas que afetam mais diretamente as nossas vidas que um campeonato esportivo?
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Desabafo contra a pequenez humana
Devo admitir que cada vez mais que amplio minha experiência de viver, mais me espanto com o ser humano. Mais me decepciono. Não consigo compreender por completo como ainda existem pessoas que não conseguem se desgarrar de sua infância e agem, talvez involuntariamente, como tais. Não páram para refletir diante de situações que elas próprias não reconhecem como esdrúxulas, como estúpidas, ou, menos pior, como meninices. Pior que isso é saber que tais tipos de pessoas estão envolvidas com o processo de educação, que trabalham numa escola e se auto-intitulam "professoras" quando na realidade não dispõem do menor senso crítico possível pertencente, em tese, a um profissional da educação. "Ganham" seus títulos acadêmicos, suas "lecenciaturas plenas" sem a menor capacidade de entender o papel grandioso que possui diante de si, de sua importância na formação de pequenos seres que as vêem como algum tipo de referência e agem justamente reforçando aquilo que esses pequenos seres deveriam suplantar. Ao invés de levá-los ao progresso efetivo, impõem-lhes obstáculos, atrasam-no, podendo até torná-los pior do que elas próprias que se dizem "capacitadas" para lidar com esses pequenos pobres educandos. São pessoas que não possuem a menor capacidade de enxergar a realidade a sua volta e se julgam tão observadoras quanto uma coruja, mas no fundo não passam de morcegos que ainda por cima possuem um sistema de radar não muito confiável. São pessoas que não conseguem ter um olhar para um novo, para o inevitável, para o amanhã, prendendo-se a mesquinharias, a coisas pequenas, vis, tentando espalhar seu veneno a outros seres. que tentam levar a sério e dignamente sua profissão de educador. Vulgarmente podemos denominá-las de, com todas as letras, invejosas. Incapazes de possuir um espírito nobre, de colocar-se no lugar do outro, de entender criticamente a realidade, tentam destruir aquele que possui esse espírito nobre que ela tanto almeja. Uma pessoa dessa estirpe ainda insiste em proclamar-se "educadora"... E ainda por cima com "ressalvas acadêmicas" por ter-se formado nessas universidades repletas de processos por suas atividades escusas em locais ermos, distantes dos olhos das autoridades competentes. Pessoas que não dependem de si mesmas para estarem em determinados cargos públicos, mas sim de um "padrinho forte", de um político inescrupuloso que conseguiu comprar sua alma tão barata e deixá-la devedora desse "favor", desse "empurrãozinho" na vida. Pior, de novo, é que esse tipo de pessoa empesteia nossa já tão arcaica educação sergipana envolta com essa "áurea de apadrinhamentos". Pessoas que não conseguem estar em suas determinadas posições sociais por mérito próprio, mas sim por mérito alheio. E ainda querem passar a imagem de que são importantes ou pior, de competentes... Coitadas dessas pessoas e de nós, espíritos livres...
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