sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Da necessidade de sermos falsos

Conviver em grupo sempre manifesta uma série de inquietudes além de dificuldades. A convivência humana, sem sombra de dúvida, traduz essas características de forma colossal. Mesmo que a literatura, sobretudo no âmbito das ciências sociais, inclusive a filosofia, sugira que conviver com outras pessoas seja algo necessário. Contudo, há algumas pessoas que discordam dessa declarada "necessidade". Mas essa atitude de discordância enfatizaria nas entrelinhas uma necessidade? Já que, para que se chegue a essa ideia de negação, é preciso construir um processo longo da intelectualidade, do conhecimento, para se chegar a tal conclusão?

Na filosofia temos a epistemologia, área voltada para a reflexão do conhecimento, que indica, na figura de John Locke, filósofo britânico, dentre outros pensadores, como nosso conhecimento evoluiu. Nossa inteligência, devido ao processo de acúmulo de experiências que vamos tendo ao longo de nossa vida, vai agregando, vai construindo ao longo do tempo as percepções acerca da realidade e consequentemente de si mesmo. Ou seja, a experiência sensível constrói nosso conhecimento, nossa percepção da realidade, oferece as condições pelas quais criamos a compreensão da realidade. Realizando um esforço filosofante, pode-se concluir que a convivência com outros indivíduos em sociedade também preenche um grau de aquisição de experiência ou de conhecimento social, permitindo assim que o indivíduo saiba conviver com seus pares, eis o ponto de partida dessa nossa pequena reflexão.

Exemplo disso são as normas que somos obrigados a aceitar e a internalizá-las para então aprender a conviver em sociedade: quando uma criança é tomada nas mãos pelos seus pais para atravessar uma rua e estes a ensina que ela deve sempre olhar os dois lados para observar a chegada de algum automóvel ou não indica essa necessidade de aquisição de experiências (sociais e sensoriais) juntamente com as normas. As experiências vêm juntamente com as normas. Esse processo de socialização vai acontecendo paulatinamente, ao longo da vida, e ainda por cima vão se agregando novas experiências sociais ou normas - morais ou não - que vão moldando o indivíduo à sociedade indicando-lhe a forma de ele viver com seus pares sem se sentir um estranho no ninho.

Temos essa necessidade internalizada, afinal, sentimo-nos mais seguros na convivência com os outros - ainda que não gostemos desses "outros". E, ainda mesmo que, porventura, num esforço imaginativo, ele, um indivíduo, não queira integrar-se à sociedade, de algum modo ele terá que inicialmente ter um contato com as normas (sociais) vigentes, experienciá-las, para só então discordar delas e/ou tentar buscar novas ou simplesmente viver como ermitão, isolado de tudo e de todos, mas, insisto, ainda lhe caberia a forçosidade de admitir certas regras inicialmente para só então, posteriormente, rejeitá-las.

Todavia, como fora sugerido inicialmente nesse post, sabemos todos que viver em grupo é uma das tarefas talvez mais hercúleas que somos obrigados a realizar para conviver em sociedade, para ser aceito no grupo social. Quantas e quantas vezes somos forçados a participar de uma reunião em família, por exemplo, na qual não nos sentimos muito à vontade para falarmos aquilo que efetivamente queremos sobre alguém do grupo consanguíneo e, por uma etiqueta talvez "inconsciente", achamos muito mais apropriado falar o que pensamos sobre alguém quando este alguém não está presente, ou seja, "falar pelas costas". Todos sabemos que esse tipo de comportamento no mínimo se manifesta como uma "falsidade", como sintetiza o senso comum, mas será que todos também estariam efetivamente preparados para ouvir/falar "verdades" sobre alguém na presença do ouvinte ou do falante?

Nesse caso fica evidente a eficácia de um processo de socialização no qual nos demonstra como devemos nos comportar com alguém quando não gostamos daquela pessoa - "falar pelas costas" - para que não soframos uma punição e o grupo da família não tenha uma má impressão de quem falou umas "verdades" sobre fulano. Óbvio também que temos o oposto sobre essa mesma situação quando algumas pessoas, talvez por um temperamento diferenciado ou ainda por um traço de personalidade distinto da maioria do grupo, simplesmente ache ser muito mais saudável para este mesmo grupo falar essas ditas verdades que devem ser expressas sem pesar o impacto, as consequências de suas declarações que podem e irão certamente levá-lo a algum tipo de punição, como denominá-lo de "porra-louca", no mínimo, dentre outras denominações negativas.

É provável ainda que, mesmo que ele não se arrependa de suas revelações desagradáveis, o grupo social crie uma espécie de redoma por sobre ele ou simplesmente isole-o da participação ou do reconhecimento do grupo, deixando-o sem uma "recompensa social" pelo seu "mau comportamento", e assim, aquele que todos sabem falar "verdades", ser extremamente sincero, fique subjugado ou condenado a um tipo de ostracismo.

Uma reunião em família, ainda seguindo o exemplo acima, tem o poder de reunir muitas diferenças ideológicas ou de pensamento - imagine em uma sociedade! Qualquer indivíduo que queira integrar-se ao grupo, sobretudo se for consanguíneo, deverá valer-se de certas condutas, aceitar certas normas ou padrões. Mas ainda existe aquele indivíduo que não quer demonstrar a menor intenção em integrar-se. Um indivíduo que se vê excluído, por opção, por não ver ou não aceitar as regras e condutas que subsistem nesse grupo consanguíneo. E agora? O que fazer? É certo que o conflito se tornará, nessa condição, visível. Não obstante, esse conflito é parte significativa da vida em sociedade. Arriscaria ainda em afirmar, conforme uma leitura sociológica, que esse conflito é algo natural, inerente da condição humana, da vida em grupo, seja na família, na religião, na escola, enfim, em qualquer lugar de convivência humana em que haja a menor interação. Viver em grupo pressupõe abrir mão de certos comportamentos, atitudes, até de pensamentos, dentre outras coisas mais. Mas o grande segredo dessa vida social, é saber utilizar-se de um reconhecimento do seu papel social - e de suas consequências - assim como reforçar sua individualidade. Parece de fato um contrassenso, mas a condição humana é recheada disso. E não nos iludamos em acreditar que essa condição seja algo tão simples como uma ciência exata, por mais que tentemos realizar tal façanha. 

quinta-feira, 22 de março de 2018

O professor e o carro quebrado

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Um jovem professor, recém formado, empolga-se ao levar seu currículo para as escolas particulares na ânsia de que alguém ligado à administração da escola, pelo menos, lerá suas suadas páginas do parco currículo feito com muito esmero. Sua consciência é tomada por diversas ideias de como trabalhará em sala de aula. Ideias e mais ideias transbordam sua mente. "Farei de tudo para que meu aluno se empolgue com minhas aulas!"; "utilizarei sempre ferramentas que tornem as aulas mais dinâmicas!". Ele consegue o primeiro emprego. Mas não porque alguém leu seus dados nos papéis deixados à sorte nos colégios. Tudo por conta de uma amiga de um amigo que ouviu a coordenadora comentar da necessidade de um professor na escola. O pobre diabo vai às pressas com todos os seus documentos à escola quase enlouquecido de ansiedade e vontade de trabalhar. Explicações dadas pela coordenadora, o coração está a mil assim que avista a primeira sala de aula que ele efetivamente adentrará na condição de professor. Mal consegue esconder a euforia na tremedeira que é visível em suas mãos. Mas ele consegue. Passado a fase dos dias iniciais, e algumas pequenas frustrações - como o controle exacerbado sobre as ditas "ferramentas pedagógicas" que ele pretendia utilizar, vem a tão aguardada compensação, o salário no final do mês. Agora os planos são outros. As ideias de criar aulas dinâmicas e divertidas bateu de frente com a "tradição da escola", isto é, o velho quadro e pincel. Comprar isso, aquilo, ajudar a mãe, ou o pai, ou o irmão, ou aquela parente que passa por necessidade arrebatam agora sua mente. Quando recebe seus dividendos referentes ao primeiro mês de trabalho, o susto: "Só isso!?" Acanhado por ainda ser novato nessa área, o mancebo professor sente na pele o que é ganhar menos que o salário mínimo já que goza de um "privilégio" que os cursos de licenciatura oferecem às pessoas nessas terras tupiniquins e que ainda por cima necessitam - frise-se bem: necessitam! - trabalhar na condição de professor: reconhecimento financeiro no mínimo limitado. Daí pensa numa também necessária solução: procurar outra escola particular para complementar a renda. E de novo o pobre professor refaz um caminho pela segunda vez no qual mal acabara de sair. E assim o consegue mais uma vez, afinal, agora dispõe de experiência, já trabalha em uma escola e esta possui certo respaldo na comunidade. Passado algum tempo, ao conciliar os horários das duas escolas, ele sente ainda a necessidade de estar em uma terceira. "Tenho tempo disponível, por que não uma terceira escola?". E assim o faz e consegue. Seus dias estão todos tomados em exatas dez horas diárias que ele consegue fazer num frenesi inconteste. Consegue pensar: "preciso de um veículo que me transporte", de fato, pois assim ganhará um pouco de tempo, principalmente no horário do almoço. E assim o faz. Compra o carro popular com um financiamento a perder de vista e que, principalmente, caiba no seu pequeno orçamento. Seus finais de semana, em períodos de avaliação, estão perdidos para o trabalho. Sua vida transforma-se em um ano num corre-corre com uma única finalidade: ter dinheiro para pagar as contas e tentar ajudar alguém de sua família. Um imprevisto: por ter comprado um carro popular usado, eis que este o deixa na mão. Quebra justamente num horário crucial em que ele dispõe de apenas alguns poucos minutos para almoçar e assim dar tempo de chegar na terceira escola no dia de quarta-feira. Desesperado liga para sua coordenadora pedagógica que o alerta: "infelizmente, será descontado de seu salário essa sua falta, meu caro. Não posso fazer nada por você". Mas ele não se desespera. Diz que vai pegar um ônibus e que chegará, ao menos, no segundo horário da tarde. E assim o faz. Ninguém, nem menos algum aluno sequer, questiona o porquê de seu atraso, de seu rosto suado, de sua camisa um pouco suja de graxa, de seu corpo clamando pela alimentação que ele não fez no horário apropriado. Ele simplesmente dá sua aula com seu pincel e apagador para, ao final do mês, conseguir pagar suas contas, transformando sua vida profissional em algo que ele jamais imaginara ficando então com um lampejo de esperança de que algum dia seus patrões reconheçam seu sacrifício e o gratifiquem...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O velho e a morte

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Um velho homem acamado em um hospital tem seu silêncio interrompido pela mulher ao seu lado que reza incessantemente preces às vezes inaudíveis para ele. Ela é sua esposa que, com os olhos cheios de lágrimas, palavras trêmulas que saem de seus sofridos lábios, fazem acreditar no fundo de si que tais preces terão algum valor, ou melhor, que essas preces têm algum valor diante de um Ser único que teria criado tudo o mais. O rosto do velho homem está esquálido, inexpressivo, mas, em seu âmago, ele não para de contar os segundos que faltam para a morte, essa sua grande companheira da vida, "que venha e leve-me em seus braços..." A lacrimosa mulher relembra amargurada das vezes que o alertara a tomar o remédio nos horários prescritos pelos médicos; das vezes em que ele se vira privado por ela de tomar aquela cervejinha bem gelada no final da tarde ou a cachacinha antes do almoço; das vezes em que passara algum programa na tevê que destacava a importância dos exercícios físicos, da alimentação balanceada, das práticas de vida saudáveis... "A vida é um inferno!", pensara, pois tudo teria que estar sob o controle dos médicos, dos remédios, das receitas. Tudo que lhe dava vontade era malvisto, era proibido. Seu eu fora sumariamente ignorado. Desmontado ao longo dos anos pelas ditas instituições que se alimentam de sua combalida individualidade. Até que veio o dia fatídico do corpo dizer basta não suportando mais a ausência de si... Mas seu espírito ainda teima em resistir. No fundo, o velho homem sabia que a morte não é algo tão ruim como as pessoas o diziam, como todos da sociedade o diziam. A morte é libertação, fuga de uma vida asfixiante fruto de escolhas que ele pensara serem sensatas em algum dia remoto. O seu corpo fenece. Aliás, desde que nascera ele já notara isso. Iludem-se aqueles que acreditam piamente que “uma vida saudável” lhes garantirá que não irão morrer, ou que, pelo menos, a distanciarão da morte. Ela chegará, mais cedo ou mais tarde. O sofrer humano reside justamente em não aceitar essa única verdade sólida e inabalável: a morte virá dar o seu abraço. Seja rico, pobre, baixo, alto, gordo, magro, saudável ou cancerígeno... Não adianta fugir. Sábios e, portanto, efetivamente felizes são aqueles que reconhecem esse carinho natural que ela vem nos dar ao final de qualquer vida. A mulher chora porque ainda não reconheceu essa verdade, aliás, a única verdade que vale a pena ser difundida. Em seu âmago o velho homem sorri porque finalmente a morte se aproxima e ele pode agradecer com suas últimas energias movimentando seus lábios moribundos um pálido “obrigado”...

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Do fanatismo


Cioran já nos alertara a respeito da mazela que as ideologias podem trazer ao ser humano. Louvemos Pirro! A busca pela verdade, essa herança reforçada pela modernidade, ainda manifesta tal força nos dias atuais que a humanidade acredita ser absolutamente natural estar enquadrado em alguma corrente, em algum conjunto ou corolário de ideias que de algum modo serve para que os seres humanos possam enxergar o mundo ou até mesmo sua própria vida. Propalam aos quatro ventos que sem um conjunto de ideias salvadoras, nós não seríamos nada. E essa ideia de salvação não está presente apenas nas igrejas ou nas religiões. Foi-se esse tempo! O fanatismo conseguiu ganhar mais espaço. Pulou os muros religiosos. Transbordou os pátios ditos sagrados chegando a vários lugares, como na política - e principalmente a política! Cuidado com aqueles que bradam suas verdades inquestionáveis! Esses são os mais perigosos! São capazes de qualquer coisa para reforçar sua necessidade ou sua vontade de poder. Sim. Eles almejam o controle através de suas ideias que funcionam mais como amarras, como grilhões que a todo instante impõem aos seres humanos uma condição da qual, quando estiverem convencidos, dão a garantia de que alcançarão a felicidade. O fanático está plenamente convencido disso. Ele se mata ou pode até matar. Ele é violento, ávido por brigar, por entrar em conflito, por tentar convencer de que ele está com a verdade e os outros não – atente que tal característica transbordou da religião para outras esferas. Ele, o fanático, não aceita o discurso contrário. Ele quer porque quer que o outro o aceite, que o entenda, que se convença de sua ideia absoluta, infalível e inquestionável. É um dogmático com todas as letras! “Saia daqui você que não ouve! Você está no caminho errado. Que erre sozinho, isolado, porque parece um pobre miserável; quando isolado, não passa de uma sombra borrada de alguém. Isolado você não é nada nem ninguém! Nós somos porque acreditamos em uma ideia, defendemos essa ideia. Vocês, os fracos, os que optaram por fugir da verdade, estão todos fadados ao recanto mais obscuro do inferno – da sociedade!”. O convencimento transformou-se em moeda de troca. O ser humano de sucesso é aquele que consegue convencer e manter um sem número de séquitos. A mídia em geral transformou-se em uma ferramenta poderosíssima que fortalece e propaga-se de um modo jamais visto, inimaginável em outras épocas. É muito mais fácil convencer um fanático, diga-se também, um fã, um seguidor... através dela, da mídia. Discursos e mais discursos de que a mídia contemporânea tem como foco a democratização do conhecimento ou da informação soam aos ouvidos. E tal ideia não está de todo errada. Contudo, o que está subentendido nessa “democratização”, em verdade são as ideias que a mídia quer que se acredite, que se propague, que se fortaleça, que encontre morada. Ideias que convençam o pobre espectador, ou ouvinte a continuar o consumo daquela ideia – e que, diga-se de passagem, se transformou em um produto lucrativo nos dias em que a dita razão venceu. O fanático, e aqueles correlatos que tentam se aproximar a tal condição, seduzidos pelas armas contemporâneas de convencimento, se acotovelam para comprar e assim consumir ao máximo a ideia da moda! Mas essa ideia da moda não vive solitariamente. Não é um único produto. A variedade delas são incontáveis, ad infinitum! Vários são seus rótulos. Têm as ideias antiquadas, modernas, cult, filosóficas, religiosas... a vitrine não consegue comportá-las por completo. Cuidemo-nos para que nenhuma delas convença-nos a fazer algo, seja errado ou não...

O mundo é dos mais espertos

Uma garotinha dança ao som de uma música popular do momento aos olhos emocionados, quase lacrimejantes e orgulhosos da mãe que segura ávida seu celular pago com 12 prestações - mesmo atrasadas - sintetiza uma imagem bizarra da dita era do conhecimento. A música que é ouvida induz e reduz o corpo a um mero objeto a fim de demonstrar o controle de sedução ou ainda, na melhor das hipóteses, um controle corporal até então jamais visto para uma criancinha de 7 anos. A mãe filma ansiosa por colocar o vídeo na internet, nas redes sociais, e mostrar o quão é "engraçadinho" vê-la "rebolar até o chão" em um movimento de sensualidade incomparável para as meninas da mesma  idade. Ela, a mãe, não está preocupada se a filhinha vai bem na escola. Está preocupada se sua filhinha aprendeu os passos corretamente para que ela possa desfilar mostrando ao público sua destreza corporal. O grande sucesso do carnaval que é a música que apela diretamente aos movimentos corporais - e que o compositor se deu ao farto trabalho de colocar algumas cinco ou seis palavras que façam sentido e que não sinalizem, em hipótese alguma, à inteligência ou ao menos à formação intelectual daquele que irá ouvi-la - é tocada de tal forma que até mesmo aquele que não suporta o ruído é obrigado a decorá-la. É quase como um estupro aos ouvidos do infeliz que não quer e nem almeja fazer parte dessa destoante e no mínimo constrangedora cena.
Os donos da mídia, os homens que controlam o Estado, as grandes corporações industriais, enfim, aqueles que detêm o controle das sociedades regozijam-se em seus iates e flats pouco se importando com a emoção da mãe que filmou sua filhinha com um celular parcelado para 12 prestações - atrasadas - tomando seus whiskies envelhecidos em que um simples gole já pagaria, pelo menos, 10 aparelhos celulares do mesmo da endividada mãe. Mas eles têm um interesse objetivo: o controle. Isso é fato. É muito mais cômodo, mais fácil inclusive, controlar aqueles que aceitam de bom grado esse cerceamento, essa limitação ou ainda  essa despreocupação com a exposição no mínimo desnecessária de uma criança qualquer. Mas isso evidencia um controle? Talvez alguém que sofresse um processo de formação efetiva em uma escola não tivesse desenvolvido uma ideia dessas. Talvez ela se conscientizasse de que não ganharia efetivamente nada ao expor sua filhinha numa rede social de vídeos - ainda que, em função das muitas visualizações, ganhasse seus trocados, mas o certo é que os donos da mídia, sem sombra de dúvida, estariam ganhando muito mais. Talvez ela nem fosse tão descuidada ao colocar seu aparelho celular parcelado para 12 prestações e decidisse pagar o valor mínimo no cartão de crédito pagando juros escorchantes de quase 400% ao mês para manter o padrão de vida esnobe e ostentoso dos homens que controlam as grandes corporações bancárias. Por isso que nos dias de hoje é extremamente rentável manter as massas estultificadas. A burrice dá lucros e faz valer aquele velho ditado: "o mundo é dos mais espertos!".

O objetivo da vida é ser feliz?

  Decerto a experiência humana nos impõe uma ideia de que tanto o prazer como um estado de felicidade associados de algum modo devem ser tom...