Excepcionalmente re-publicarei um post de um companheiro blogueiro indignado com o comportamento daqueles que não reconhecem o valor de um árduo trabalho de engrandecimento espiritual e cultural realizado aqui nas paragens dorenses, daqueles que acreditam que os dorenses não possuem talento e que, portanto, não poderiam se destacar em nenhuma manifestação cultural, enfim, daqueles de mente reduzida! Caro companheiro Manoel, eis minha pequena contribuição e solidariedade à sua causa nobre. Concluo minha apresentação citando Nietzche e espero que as palavras dele nos sirvam de conforto ou provocação àqueles de mente apequenada: "(...) A maioria dos homens são fatigados, comuns e acomodados - a grande massa, os ordinários, os supérfluos e os que estão demais. Todos esses são covardes (...)".
DESABAFO
Estou muito triste, sim, muito triste mesmo! Pois nessa
Sexta-feira, dia 4 de novembro de 2011 a viatura da Polícia Militar de
Nossa Sra. das Dores parou defronte a sede do Projeto Memórias que fica
situada nas dependências do Bazar da Arte. O fato é que os membros do
referido Projeto tem nos últimos anos trabalhado voluntariamente em prol
do desenvolvimento intelectual da nossa população, e em especial dos
nossos jovens, o que por sua vez os protegem de situações de risco, pois
bem, acontece que um grupo de adolescentes que são atendidos de forma
gratuita por essa instituição foram impedidos de ensaiar algumas músicas
que seriam apresentadas no dia seguinte em um dos colégios da nossa
cidade.
Sem saírem da viatura, os policiais chamaram os meninos e
disseram que eles tinham que parar o barulho ou do contrário iam levar
os instrumentos para a delegacia, o que eles alegaram: “os vizinhos”
ligaram reclamando, detalhe, os policiais não revelaram quem fez a
reclamação, foi o que me contaram os jovens, pois eu estava no momento da
abordagem em uma sala editando um vídeo e não vi o ocorrido. Daí
pergunto, o mais adequado não seria os, ou “o vizinho”, entrar em contato
com os representantes da Instituição e quem sabe estabelecer um acordo
de convivência antes de ameaça-los enviando a polícia? Será que esses
vizinhos, ou o vizinho que reclamou não é um daqueles cujas ações
refletem a personalidade de um individuo prepotente, orgulhoso e sem
maiores preocupações com o próximo e ao meio ambiente?
O que
efetivamente encontraram os policiais ao chegarem no local? Um grupo de
jovens usando drogas, bebidas alcoólicas, fazendo sexo ilícito e
planejando assaltar as casas dos vizinhos e as suas também? Encontraram
esses policias, armas ou instrumentos musicais nas mãos desses
adolescentes? Daí eu pergunto a vocês policiais e amigos protetores da
nossa sociedade, e pergunto também aos, ou porque não dizer, ao meu caro
vizinho reclamante, qual é o barulho que perturba mais, as baquetas
feita de uma nobre madeira tocando a pele de uma bateria ou o som de um
tiro de fuzil adentrando numa janela e atingindo um inocente? Tiro esse
que pode muito bem ser acionado por um jovem cujas oportunidades e
habilidades tenham sido castradas por atitudes irrefletidas, por um
posicionamento meramente egoísta e insano.
Será que os vizinhos, ou o
vizinho, é daqueles que já se acostumou com o barulho irritante das
sirenes das ambulâncias levando para os hospitais vítimas de atos
violentos praticados por certos jovens? Será que não são “esses” uma
construção nossa? O que grita mais alto, um acorde de uma guitarra bem
tocada ou o soar desafinado da sirene de uma viatura policial
perseguindo jovens bandidos e perigosos? Diante do que o mundo apresenta
aos nossos jovens, é ou não é relevante o apoio a iniciativas como
essa, apresentando possíveis soluções para os eventuais problemas que
nos acomete? Poderiam os policiais ter ido embora sem procurar no ato
da abordagem os responsáveis pelo estabelecimento e pela referida
instituição a fim de expor a situação dialogando com a outra parte
envolvida?
Bem, o fato é que estamos “errados mesmo”, somos
efetivamente culpados por não termos dinheiro para construir uma sala
acústica para os nossos alunos, e nem mesmo sede própria, somos culpados
por eles saírem tristes com os seus instrumentos nas mãos lamentando o
ocorrido, somos culpados por nossa cidade não ter um local adequado para
os nossos jovens exprimir os seus talentos artísticos, sim, talvez
sejamos culpados por muitos deles se tornarem bandidos perigosos,
daqueles que matam pais de famílias inocentes para roubar, daqueles que
matam sem piedade aqueles que são pagos para nos proteger, vocês
policiais.
Sim, talvez mereçamos mesmo ir presos por “perturbarmos” a
ordem pública, e de lá da delegacia sermos encaminhados aos
magistrados, processados, e condenados pelo crime de formação de bons
cidadãos.
Bem, são exatamente três horas da manhã, estou com a cabeça
doendo muito, a gastrite a mil, o estômago dói demais, e do meu olho
está descendo uma água ardida que alguns chamam de lágrima, e essas caem
nos mais variados formatos, lamento, revolta, tristeza, angustia, muito
pesar...
Manoel M. Moura (http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com/)
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