Conviver em grupo sempre manifesta uma série de inquietudes além de dificuldades. A convivência humana, sem sombra de dúvida, traduz essas características de forma colossal. Mesmo que a literatura, sobretudo no âmbito das ciências sociais, inclusive a filosofia, sugira que conviver com outras pessoas seja algo necessário. Contudo, há algumas pessoas que discordam dessa declarada "necessidade". Mas essa atitude de discordância enfatizaria nas entrelinhas uma necessidade? Já que, para que se chegue a essa ideia de negação, é preciso construir um processo longo da intelectualidade, do conhecimento, para se chegar a tal conclusão?
Na filosofia temos a epistemologia, área voltada para a reflexão do conhecimento, que indica, na figura de John Locke, filósofo britânico, dentre outros pensadores, como nosso conhecimento evoluiu. Nossa inteligência, devido ao processo de acúmulo de experiências que vamos tendo ao longo de nossa vida, vai agregando, vai construindo ao longo do tempo as percepções acerca da realidade e consequentemente de si mesmo. Ou seja, a experiência sensível constrói nosso conhecimento, nossa percepção da realidade, oferece as condições pelas quais criamos a compreensão da realidade. Realizando um esforço filosofante, pode-se concluir que a convivência com outros indivíduos em sociedade também preenche um grau de aquisição de experiência ou de conhecimento social, permitindo assim que o indivíduo saiba conviver com seus pares, eis o ponto de partida dessa nossa pequena reflexão.
Exemplo disso são as normas que somos obrigados a aceitar e a internalizá-las para então aprender a conviver em sociedade: quando uma criança é tomada nas mãos pelos seus pais para atravessar uma rua e estes a ensina que ela deve sempre olhar os dois lados para observar a chegada de algum automóvel ou não indica essa necessidade de aquisição de experiências (sociais e sensoriais) juntamente com as normas. As experiências vêm juntamente com as normas. Esse processo de socialização vai acontecendo paulatinamente, ao longo da vida, e ainda por cima vão se agregando novas experiências sociais ou normas - morais ou não - que vão moldando o indivíduo à sociedade indicando-lhe a forma de ele viver com seus pares sem se sentir um estranho no ninho.
Temos essa necessidade internalizada, afinal, sentimo-nos mais seguros na convivência com os outros - ainda que não gostemos desses "outros". E, ainda mesmo que, porventura, num esforço imaginativo, ele, um indivíduo, não queira integrar-se à sociedade, de algum modo ele terá que inicialmente ter um contato com as normas (sociais) vigentes, experienciá-las, para só então discordar delas e/ou tentar buscar novas ou simplesmente viver como ermitão, isolado de tudo e de todos, mas, insisto, ainda lhe caberia a forçosidade de admitir certas regras inicialmente para só então, posteriormente, rejeitá-las.
Todavia, como fora sugerido inicialmente nesse post, sabemos todos que viver em grupo é uma das tarefas talvez mais hercúleas que somos obrigados a realizar para conviver em sociedade, para ser aceito no grupo social. Quantas e quantas vezes somos forçados a participar de uma reunião em família, por exemplo, na qual não nos sentimos muito à vontade para falarmos aquilo que efetivamente queremos sobre alguém do grupo consanguíneo e, por uma etiqueta talvez "inconsciente", achamos muito mais apropriado falar o que pensamos sobre alguém quando este alguém não está presente, ou seja, "falar pelas costas". Todos sabemos que esse tipo de comportamento no mínimo se manifesta como uma "falsidade", como sintetiza o senso comum, mas será que todos também estariam efetivamente preparados para ouvir/falar "verdades" sobre alguém na presença do ouvinte ou do falante?
Nesse caso fica evidente a eficácia de um processo de socialização no qual nos demonstra como devemos nos comportar com alguém quando não gostamos daquela pessoa - "falar pelas costas" - para que não soframos uma punição e o grupo da família não tenha uma má impressão de quem falou umas "verdades" sobre fulano. Óbvio também que temos o oposto sobre essa mesma situação quando algumas pessoas, talvez por um temperamento diferenciado ou ainda por um traço de personalidade distinto da maioria do grupo, simplesmente ache ser muito mais saudável para este mesmo grupo falar essas ditas verdades que devem ser expressas sem pesar o impacto, as consequências de suas declarações que podem e irão certamente levá-lo a algum tipo de punição, como denominá-lo de "porra-louca", no mínimo, dentre outras denominações negativas.
É provável ainda que, mesmo que ele não se arrependa de suas revelações desagradáveis, o grupo social crie uma espécie de redoma por sobre ele ou simplesmente isole-o da participação ou do reconhecimento do grupo, deixando-o sem uma "recompensa social" pelo seu "mau comportamento", e assim, aquele que todos sabem falar "verdades", ser extremamente sincero, fique subjugado ou condenado a um tipo de ostracismo.
Na filosofia temos a epistemologia, área voltada para a reflexão do conhecimento, que indica, na figura de John Locke, filósofo britânico, dentre outros pensadores, como nosso conhecimento evoluiu. Nossa inteligência, devido ao processo de acúmulo de experiências que vamos tendo ao longo de nossa vida, vai agregando, vai construindo ao longo do tempo as percepções acerca da realidade e consequentemente de si mesmo. Ou seja, a experiência sensível constrói nosso conhecimento, nossa percepção da realidade, oferece as condições pelas quais criamos a compreensão da realidade. Realizando um esforço filosofante, pode-se concluir que a convivência com outros indivíduos em sociedade também preenche um grau de aquisição de experiência ou de conhecimento social, permitindo assim que o indivíduo saiba conviver com seus pares, eis o ponto de partida dessa nossa pequena reflexão.
Exemplo disso são as normas que somos obrigados a aceitar e a internalizá-las para então aprender a conviver em sociedade: quando uma criança é tomada nas mãos pelos seus pais para atravessar uma rua e estes a ensina que ela deve sempre olhar os dois lados para observar a chegada de algum automóvel ou não indica essa necessidade de aquisição de experiências (sociais e sensoriais) juntamente com as normas. As experiências vêm juntamente com as normas. Esse processo de socialização vai acontecendo paulatinamente, ao longo da vida, e ainda por cima vão se agregando novas experiências sociais ou normas - morais ou não - que vão moldando o indivíduo à sociedade indicando-lhe a forma de ele viver com seus pares sem se sentir um estranho no ninho.
Temos essa necessidade internalizada, afinal, sentimo-nos mais seguros na convivência com os outros - ainda que não gostemos desses "outros". E, ainda mesmo que, porventura, num esforço imaginativo, ele, um indivíduo, não queira integrar-se à sociedade, de algum modo ele terá que inicialmente ter um contato com as normas (sociais) vigentes, experienciá-las, para só então discordar delas e/ou tentar buscar novas ou simplesmente viver como ermitão, isolado de tudo e de todos, mas, insisto, ainda lhe caberia a forçosidade de admitir certas regras inicialmente para só então, posteriormente, rejeitá-las.
Todavia, como fora sugerido inicialmente nesse post, sabemos todos que viver em grupo é uma das tarefas talvez mais hercúleas que somos obrigados a realizar para conviver em sociedade, para ser aceito no grupo social. Quantas e quantas vezes somos forçados a participar de uma reunião em família, por exemplo, na qual não nos sentimos muito à vontade para falarmos aquilo que efetivamente queremos sobre alguém do grupo consanguíneo e, por uma etiqueta talvez "inconsciente", achamos muito mais apropriado falar o que pensamos sobre alguém quando este alguém não está presente, ou seja, "falar pelas costas". Todos sabemos que esse tipo de comportamento no mínimo se manifesta como uma "falsidade", como sintetiza o senso comum, mas será que todos também estariam efetivamente preparados para ouvir/falar "verdades" sobre alguém na presença do ouvinte ou do falante?
Nesse caso fica evidente a eficácia de um processo de socialização no qual nos demonstra como devemos nos comportar com alguém quando não gostamos daquela pessoa - "falar pelas costas" - para que não soframos uma punição e o grupo da família não tenha uma má impressão de quem falou umas "verdades" sobre fulano. Óbvio também que temos o oposto sobre essa mesma situação quando algumas pessoas, talvez por um temperamento diferenciado ou ainda por um traço de personalidade distinto da maioria do grupo, simplesmente ache ser muito mais saudável para este mesmo grupo falar essas ditas verdades que devem ser expressas sem pesar o impacto, as consequências de suas declarações que podem e irão certamente levá-lo a algum tipo de punição, como denominá-lo de "porra-louca", no mínimo, dentre outras denominações negativas.
É provável ainda que, mesmo que ele não se arrependa de suas revelações desagradáveis, o grupo social crie uma espécie de redoma por sobre ele ou simplesmente isole-o da participação ou do reconhecimento do grupo, deixando-o sem uma "recompensa social" pelo seu "mau comportamento", e assim, aquele que todos sabem falar "verdades", ser extremamente sincero, fique subjugado ou condenado a um tipo de ostracismo.
Uma reunião em família, ainda seguindo o exemplo acima, tem o poder de reunir muitas diferenças ideológicas ou de pensamento - imagine em uma sociedade! Qualquer indivíduo que queira integrar-se ao grupo, sobretudo se for consanguíneo, deverá valer-se de certas condutas, aceitar certas normas ou padrões. Mas ainda existe aquele indivíduo que não quer demonstrar a menor intenção em integrar-se. Um indivíduo que se vê excluído, por opção, por não ver ou não aceitar as regras e condutas que subsistem nesse grupo consanguíneo. E agora? O que fazer? É certo que o conflito se tornará, nessa condição, visível. Não obstante, esse conflito é parte significativa da vida em sociedade. Arriscaria ainda em afirmar, conforme uma leitura sociológica, que esse conflito é algo natural, inerente da condição humana, da vida em grupo, seja na família, na religião, na escola, enfim, em qualquer lugar de convivência humana em que haja a menor interação. Viver em grupo pressupõe abrir mão de certos comportamentos, atitudes, até de pensamentos, dentre outras coisas mais. Mas o grande segredo dessa vida social, é saber utilizar-se de um reconhecimento do seu papel social - e de suas consequências - assim como reforçar sua individualidade. Parece de fato um contrassenso, mas a condição humana é recheada disso. E não nos iludamos em acreditar que essa condição seja algo tão simples como uma ciência exata, por mais que tentemos realizar tal façanha.
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