Enquanto uns poucos se vangloriam em seus lares com suas bugigangas eletrônicas, seja no deleite de ouvir alguma música em algum aparelho altamente sofisticado ou no simples ato de redigir alguma coisa em um computador de última geração, com a impressão de que vive em um momento muito mais "feliz" que o seu antepassado que não gozava de tais "felicidades", outros, todavia, não tem sequer conhecimento dessas coisas e estão com a impressão de que a felicidade reside em satisfazer-se com as mínimas necessidades básicas, cito, por exemplo, água e comida. Mais ainda, existem até aqueles que creem que a felicidade está nesses fabulosos e engenhosos objetos transparecendo até que eles são "entidades vivas", "seres superiores" ao próprio homem no sentido de que eles, os ditos objetos, têm mais valor que a própria pessoa. É esta, então, a essencial característica desses tempos pós-modernos: a super valorização das coisas. O ser humano agora passou a ser tratado como mais um mero objeto, alguma coisa sem alma e que só é realmente gente quando possui coisas – de preferência muitas para ser tratado como tal. Talvez isso possa parecer algo um tanto melodramático, piegas, mas não é à-toa quando Marx, lá pelos idos do século XIX, já afirmava que esse dito progresso tecnológico ou até industrial, em verdade não passava de mais uma nova forma de escravizar o ser humano iludindo-o com mais uma promessa de falsa felicidade. Se realmente essas coisas maravilhosas realizassem aquilo que o ser humano tanto espera delas, acredito que inevitavelmente o mundo estaria outro deveras diferente. Claro que na qualidade de filosofante que sou, não posso afirmar com plena certeza que a felicidade pode ou deva ser isto ou aquilo, não obstante, fazendo uma breve alusão a Dionísio, o aeropagita, posso afirmá-la negando-a. Talvez esse imenso desfiladeiro que existe entre o reconhecer o que realmente é a felicidade seja uma marca indelével do caráter, melhor, do espírito humano no qual lhe é inerente. Talvez até a insatisfação de fato esteja amalgamada a nossa condição e nós, insatisfeitos por natureza, não a aceitamos e por isso bradamos em busca daquilo que supostamente nos falta. Seria até, assim penso, mais cômodo para nós crermos que a felicidade não existe, mas sim uma insatisfação e uma busca constante, inerente, daquilo que nos falta. Talvez.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
A felicidade existe e está na sua sala
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